domingo, 23 de outubro de 2016

Avó – “ensinante” ou “aprendente”?

 O texto abaixo nasceu como um pedido e virou um presente.
 Eliana M. Tayano é minha primeira convidada para escrever no blog. Para quem a conhece as apresentações são desnecessárias, para os leitores, um convite à sensibilidade.

Este é o propósito do Aponte.


  
Minha vida profissional inteira foi dedicada à educação de crianças, jovens e              adultos. Como mãe, nunca deixei de ser educadora também. Hoje, avó de duas meninas, uma de sete e outra de nove, paro para pensar sobre esse papel tão arraigado em mim.
E concluo que, com elas, mais aprendo do que ensino

    • Aprendo, por exemplo, que tenho muito mais resistência do que pensava ter. Posso jogar bola, dançar, brincar de correr, de esconde-esconde, não incansavelmente, é claro, mas muito além do meu limite físico. Ou seja, estou viva!!!
    • Aprendo que continuo a ser modelo de comportamento. Fico maravilhada ao ser “repreendida” por querer responder rapidamente (para não dizer “afoitamente”) a uma pergunta, como se a neta não pudesse esperar alguns segundos (“Vovó, você falou de boca cheia!”). Ah, quanto prazer ao presenciar minha netinha (a mais velha em idade cronológica, mas, devido às necessidades especiais que possui, bem mais nova quanto à capacidade de pensar e falar) imitando a forma como eu degusto uma laranja ... como me penteio (ou me “despenteio” para realçar meus cachos!) ... como me levanto do chão (o que de fato não é mais tão fácil como era antes!). Ou seja, elas me observam, me imitam, me corrigem!!!
    • Aprendo que “- eu te amo!”, a frase mais linda que eu já ouvi em toda minha vida (e uma das poucas frases que minha netinha – a de nove anos, emite de forma espontânea), é fruto das nossas intensas trocas de afeto e nos liga de forma absolutamente sincera e verdadeira. Ou seja, estou apaixonada!
    • Aprendo que o tempo tem outra dimensão, primeiramente porque os minutos e horas na companhia delas duram um tempo diferente dos minutos e horas em que faço outras atividades diárias. É um tempo de olhar para ver ... com calma ... sem pressa... cada gesto expresso por elas, cada ação ... e de apreciar, com gosto, o que produziram. Mas o tempo tem outra dimensão também porque o tempo delas não é o do relógio.  Pensando bem, sou capaz de fazer com que o mundo pare e espere, porque o ritmo de cada uma delas para executar o que se propuseram a executar é diferente e precisa ser respeitado. Ou seja, mesmo imensamente avó, continuo sendo educadora!!!






Eliana Mesquiatti Tayano
Neuropsicóloga 

3 comentários:

  1. Parabéns! Você é uma das educadoras que mais admiro!! Adorei o texto!

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  2. Parabéns! Você é uma das educadoras que mais admiro!! Adorei o texto!

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  3. Que sensibilidade, Eli! Lindo e tocante!

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